Poema de um Lanterninha Desempregado




Nessa grande super produção milionária
Não passo do Lanterninha
Sequer atuo sem um aval
As vezes tento dar pitaco no script
Mas nunca dá
Mas em vinte e poucos anos de profissão
aprendi algumas coisas...


A vida começa em tela escura
Sem créditos iniciais
Sem narração em off

Não há exposição
Não há contextualização
Aos poucos se pega o ritmo
Cena por cena entendendo tudo
Todas as elipses do roteiro

É um filme de festival
Feito de informações sutis
E começos confusos
O suspense acompanha a surpresa
Cada plot twist vira tudo
Ponta cabeça, movimentos ousados

Cheio de planos sequência
Alguns belos, outros pertubadores
A certeza é que é não há panorâmicas
E feita de close ups e travelings loucos

Nem sempre faz sentido
As vezes perde o ritmo
Outras vezes se torna alucinante demais
Muita informação para pouco tempo de tela

Há tempos de fotografia saturada
Há dias de paletas escuras
Volta e meia é preta e branca
Mas sempre começa com um detalhe vermelho
Antes de colorir

Nesse longa, ora digital, ora película
Sempre 3-D, mais que IMAX
Alguns insistem em viver de chroma key
Mas tudo fica melhor em locação

Mas locações são perigosas
Nem todos conseguem lidar com o mise-en-scéne
Muitos se tornam curtas
O budget foi baixo
A censura foi alta
A crítica dura

Mas espere até o final e não se engane
Você pode escolher os próprios figurinos
Pode improvisar e sair do script
Mas há um Diretor e Roteirista

Ele nunca deixa finais abertos
E não tem problema nenhum com clichês
E embora não tenha respostas fáceis
Pede sempre que você espere até que as luzes se acendam

Ele é do tipo que além de colocar cena pós-créditos
Nunca, nunca desiste de uma franquia...

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