Diamantina

Para Ler Ouvindo: Muito Mais Mineiro (João Alexandre)

Fingindo que estou posando bem para a foto, com Diamantina ali embaixo.
Eu amo as cidades históricas de Minas Gerais e seu clima de interior impregnado de histórias e segredos culturais. Manias de cidade pequena, ruazinhas estreitas e pedregosas, que parecem estufadas, doidinhas para contar pelo menos umazinha das centenas de histórias que suas pedras, paredes caiadas, telhados coloniais, janelas de bordas coloridas e torrinhas de igreja guardam.
De todas que visitei, a minha preferida talvez seja Ouro Preto, e ela vem seguida de perto por Tiradentes e Diamantina.
Diamantina eu tenho um conhecimento de causa maior, pois já vim mais vezes nela do que em qualquer uma das outras e conheço-a em várias épocas do ano.

Claro, é uma cidade famosa entre os jovens mineiros por seu carnaval badalado.
Mas o carnaval não tem nada a ver com o que eu mais gosto aqui.
Em seus dias mais tranquilos, Diamantina é um prato cheio para escritores ávidos por inspiração, apesar de que a maioria dos que conheço atualmente são bem sedentários e talvez não achasse tão atrativo subir e descer os morros (comuns em cidades históricas).

A paisagem de chegada com as pedras que falei, vistas
de dentro do carro.
Quando estávamos vindo para cá, eu soube que estávamos chegando quando começou a chover, a estrada começou a subir e ficar no mesmo nível dos montes em volta, montes cheios de pedras nuas que parecem querer sair ansiosamente através da grama selvagem – ou mato mesmo, se você preferir.
Diamantina está dentro de um vale. As montanhas que a cercam são fascinantes, e quando se está na parte mais alta da cidade, podemos ver diversas camadas de montes verdes salpicados das pedras cinza, branco e preto. Os que estão mais perto são bem verdes e os de trás vão sumindo de vista até começarem a se esmaecer e se confundir com as nuvens do horizonte. O mais impressionante, com certeza é o pico do Itambé, que se ergue, soberano, acima dos outros, às vezes escondendo-se na privacidade de uma camada densa de névoa.

Ao fundo, dá pra ver um pedaço do pico do Itambé
que nessa foto estava em um dos seus dias de timidez.
Quando a chuva está vindo, amo vê-la se aproximando através dos montes, como se estivesse avançando e vencendo obstáculos e sumindo com alguns deles antes de chegar onde eu estou.
Queria ter uma câmera profissional pra conseguir captar tudo isso e ilustrar o texto.
Se quiser ir ao centro da cidade, você desce, desce bastante. Depois pra voltar sobe bastante também.
Eu gosto de como as casas comuns, mais recentes vão sendo substituídas pelas outras, mais antigas, com suas janelas retangulares, cercadas com madeira pintada, contrastando com o branco das paredes.
Eu gosto de como as ruas são descoordenadas, estreitas, embora os postes modernos e fios quebrem um pouco o clima.
O Sol do meio dia permite que as cores vibrantes dos contornos das janelas façam com que a cidade tome ares encantadores, enquanto os dias nublados e frios fazem-na parecer misteriosa e interessante.
Aliás, em noites nas quais a névoa desce o suficiente para invadir as ruelas que ainda mantém seus postes, Diamantina me lembra muito a Londres do séc. XVIII que vejo nos filmes. 
Vista da casa onde esto hospedado.
E embora as igrejas daqui não sejam tão imponentes quanto às de Ouro Preto (enfeitadas com suas esculturas barrocas de Aleijadinho e repletas de ouro por dentro), elas têm seu charme. A maioria delas é contornada de azul ou vermelho, embora haja uma que misture gloriosamente as duas cores – e é uma das minhas favoritas. Só entrei na matriz até hoje, que apesar de não ter as pinturas barrocas no teto ou ouro enfeitando suas colunas, é de uma beleza arrebatadora.


Há os museus, claro, e as casas de pessoas famosas. A casa de Xica da Silva, grande e bonita, ou a do Juscelino Kubitscheck (um pouco menos encantadora). Gosto de como o prédio do Banco do Brasil manteve seu letreiro de metal, o nome do país escrito com Z.

As linhas laterais da Catedral
Há também as cachoeiras incríveis de águas geladas e belas quedas que refrescam nos dias quentes e servem para boas fotos nos dias frios.
Isso tudo está me inspirando muito e estou tendo diversas ideias que talvez e compartilhe com vocês por aqui depois. Por enquanto, estou um pouco sumido do blog, primeiro por que estou sem internet (hoje dei uma escapada no serviço do meu pai) e depois, preciso curtir as minhas férias, não é mesmo?
Enquanto isso, você pode olhar aqui algumas fotos legais que tirei em Diamantina em minhas visitas à cidade.

Até a próxima!

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