A Esperança que Nasceu no Desapontamento




Ontem foi dia 22 de outubro.
Dia em que nós adventistas comemoramos o aniversário do grande desapontamento.
Parece irônico comemorar um desapontamento.
Parece mais irônico ainda que a denominação que tem a palavra "esperança" como carro chefe de sua mensagem atual, tenha tido seu embrião num desapontamento.
Mas paro para pensar que talvez não seja tão irônico assim. Em uma de suas músicas, Tiago Arrais canta que "no desapontamento, a esperança nasce".
Neste dia 22 também comemoramos o dia do pastor.

Vários pastores me ajudaram a construir o que sou hoje. Os pastores das igrejas que frequentei, desde Fontenele até Wladimir, passando por Délcio (que me batizou), Ebinger (que me ensinou o que é ministério), Juninho (que me ensinou o que é empolgar-se com o ministério), o Breno (que me inspirou a entrar nessa estrada), Wladimir (que me ajudou em várias coisas), o Meirelles (que me deu um baita incentivo), o Lucas (que me inspirou com sua empolgação)... E eles não são os únicos. Meus professores constroem e desconstroem minha visão todos os dias. O que dizer sobre o que o Edson Nunes fez por mim? Ou o hebraico ensinado pelo Lucas Iglesias? O exemplo que vejo no Emilson dos Reis, a sabedoria do Paroschi, a coerência do Allan Novaes, a sinceridade do Amin Rodor, a cabeça única do Valdecir Lima, dentre vários outros... Os que não são meus professores, mas me influenciam como meu chefe descolado e mega inteligente, Rodrigo Follis, a cabeça única do Felipe Carmo, a caixinha fora do lugar do Tiago Arrais, a experiência do Edson Romero, os sermões fantásticos do Tiago Rodrigues (aliás, não estaria fazendo teologia se não fosse este), os coleguinhas já formados, a Giulia, o Thiago, o Hélio, o Max, dentre outros... Os que não estão aqui no Unasp, Clayton, Soldani, Robson, Jómarson, Forlan...
Mas nem só de pastores formados vive minha caminhada. Não dá pra fazer uma lista de todos os meus amigos e colegas que me ajudam a prosseguir. Cada um deles contribui de forma individual e única para minha caminhada.

Essa caminhada às vezes leva várias chacoalhadas, e nesta semana o desapontamento se chocou comigo. Várias dúvidas me consumiram quando olhei para algumas coisas que me desanimaram nas atitudes dos cristãos que são formadores de opinião, que são líderes ou autoridade. Muitas vezes tenho a impressão que o foco está no lugar errado, sob a desculpa de focar na coisa certa. Às vezes tenho a impressão de que, em nome de manter os nossos princípios, passamos por cima deles - os principais deles. Por causa de coisas específicas (algumas delas falarei depois por aqui), o desânimo me atingiu como nunca antes.

Mas Deus é misericordioso.
E eu me sinto tão indigno e feliz ao mesmo tempo que ele tenha cuidado de mim! Por várias vezes ele diz: "Calma... Eu não vou solucionar seu problema agora, não vou responder suas perguntas, mas estou com você!"
E eu senti isso de forma incrível.
A primeira coisa que me deixou mal foi uma música. Ele me deu duas músicas para responder, duas músicas que estavam numa playlist que eu mesmo fiz e que pela primeira vez me tocou pelo seu conteúdo (Love & War Hymns for the Pilgrims). Fui a essa playlist ouvir "By Our Love" e me lembrar da essência do "ser cristão". E pela primeira vez "Rise" do Josh Garrels me tocou profundamente, embora eu já a ouça há tempos.
Pela primeira vez, os versos "ponho fogo no que resta da minha embarcação, para eu não ser tentado a abandonar a missão" da música "Fogo" d'Os Arrais fez completo sentido para mim.

Um sermão na capela e uma breve conversa, algumas conversas mais longas com outros amigos, a lição da Escola Sabatina de ontem... E agora, continuo desapontado com algumas coisas, mas esperançoso. Deus toma conta de mim, toma conta dos seus filhos, toma conta de sua Igreja, por mais imperfeitos que todos nós sejamos, por mais que sim, nós atrapalhamos e atrasamos os planos dele (e por isso, não é por que ele cuida, que temos que sentar e ficar calados, acomodados).
E talvez aí esteja a beleza do desapontamento em não ver Cristo voltar: a esperança.
A esperança de que nós cresçamos como Igreja, a esperança de que outros possam se juntar a nós e a esperança de que, não importa quantos séculos passem, Jesus Cristo vai voltar para acabar de uma vez por todas com os desapontamentos.

Atrasado, eu sei, mas um feliz dia do Pastor e um feliz 22 de Outubro.

Tomem coragem, filhos, pois nós temos que descer
Até o coração das trevas e libertá-los
Mas não perca a esperança quando vir os números
Não há medidas para a fé que nós trazemos
Foi dada a nós, para superarmos
Se nós corrermos até onde o Espírito nos chama
As maiores coisas ainda estão por vir
Com o amanhecer nós nos levantaremos...
(Rise, Josh Garrels)

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