10 Arcos de História Bíblicos Para Concorrer com Game of Thrones


Game of Thrones é, inquestionavelmente, um dos maiores sucessos da televisão fechada de todos os tempos. A HBO criou um fenômeno com poucos equivalentes. Baseada na série de livros "As Crônicas de Gelo e Fogo" do escritor norte-americano George R. R. Martin, a série mistura fantasia, tretas políticas de monarquia, um pouco de horror, muito sangue, sexo e intrigas e tem milhões e milhões de fãs ao redor do mundo. É uma franquia absurdamente rentável, que vende muitos produtos, o que garante a qualidade dos seus cenários, figurinos, efeitos visuais, dentre outros. Segundo informações que correm pelos sites de notícias do mundo da cultura pop, cinco séries derivadas já estão sendo desenvolvidas, já que a próxima temporada, prevista para 2019, será a última. Não é apenas o sangue e o sexo que fazem de Game of Thrones uma série popular. Os fãs na verdade, afirmam que esses são os menores motivos para se assistir a série. Game of Thrones conquista seus espectadores pera verossimilhança e imprevisibilidade. Nenhum personagem, protagonista ou não, está seguro, todo mundo pode morrer a qualquer momento, não tem essa de "o bonzinho sobrevive no final". Aliás, a probabilidade do bonzinho morrer é maior do que qualquer outra. Mas ninguém é realmente bonzinho. A verossimilhança da série permite que o público enxergue os tons de cinza nos personagens e, mesmo que o que eles façam seja indesculpável, dá pra entender as intenções deles. E é isso o que o público busca numa história hoje: personagens honestos em sua construção e bem escritos, parecidos com a humanidade da vida real.

Várias séries tentaram pegar carona no sucesso de Game of Thrones. Algumas conseguiram, como a aclamada Vikings, do History Channel. Outras morreram na praia, como é o caso de Of Prophets and Kings, da ABC, que só teve dois episódios exibidos e já foi cancelada, pois teve uma audiência baixíssima. Baseada na rivalidade de Saul e Davi, Of Prophets and Kings claramente queria concorrer com Game of Thrones. A questão é que o piloto realmente foi muito mal escrito, atuações sofríveis, roteiro péssimo, direção ruim. Mas alguns ainda duvidam que as histórias bíblicas são interessantes e boas. Esquecem que a Bíblia é um livro de histórias e não um livro de regras. Embora haja princípios que nós cristãos seguimos incutidos nessas histórias, elas são inicialmente histórias. E histórias com um potencial ENORME para render séries de TV tão bem escritas, boas, surpreendentes e até mesmo violentas quanto Game of Thrones. Abaixo eu vou listar dez arcos de histórias bíblicas do Antigo Testamento que dariam excelentes séries mais ou menos com o mesmo estilo. No fim das contas todas elas poderiam ser apenas uma grande série, já que todas tratam do surgimento, desenvolvimento e queda do povo de Israel. Mas cada uma delas tem suas particularidades. Quero agradecer quem participou da enquete para escolher os nomes das séries! Ao final, vou explicar para alguns desavisados que podem não entender a proposta da Palavra de Deus por que essas histórias tão pesadas (algumas são bem bizarras) estão na Bíblia! Senta que lá vem história!

1) Father of Nations - A jornada de Abraão, o pai da nação de Israel (Gênesis 11:27 - 25:18)


Abraão é um baita patriarca e sua história é cheia de coisas interessantes. Mesmo tendo uma mulher estéril, ele escuta um dia a voz de Deus chamando-o e prometendo que faria dele uma grande nação se ele saísse de onde morava e fosse para uma Terra que Deus lhe mostraria. Do nada, assim. A jornada de Abraão é interessantíssima, principalmente no que diz respeito à promessa feita a ele: Deus espera todas as impossibilidades se confirmarem antes de dar um filho a Abraão. Apenas um, do qual viria uma grande nação. Nessa jornada em terra estranha, ele engana um Faraó no Egito, entra em guerra contra vários reis pra resgatar seu sobrinho, que tá preso numa cidade cruel e violenta que acaba sendo destruída por Deus, arruma uma encrenca das brabas quando segue a sugestão da mulher de ter um filho com a criada egípcia, que tem outros costumes, e isso gera intriga entre mulheres e, mais tarde entre os dois filhos de Abraão. Toda a história, se for detalhada para dar a impressão correta de quantos anos se passam, pode durar entre três e quatro temporadas e renderia excelentes roteiros. A história é sobre a graça de Deus em chamar alguém em quem todas as famílias da Terra seriam abençoadas e em quem veríamos um líder falho, mas que, guiado pela misericórdia divina, se tornaria um grande homem.



2) Blood Brothers - As intrigas de família envolvendo Esaú, Jacó, seus doze filhos e José no Egito (Gênesis 25-50)


Intrigas de família no Antigo Oriente Médio podem render excelentes histórias. Depois de umas tretas políticas de Isaque com os filisteus (Gênesis 26), os netos de Abraão, Esaú e Jacó, por si só, já renderiam uma temporada inteira, ou mais. Depois de uma profecia sobre os gêmeos que Rebeca carregava no ventre, seu filho Esaú, homão da pega, caçador, bonitão, vende seu direito de primogenitura - algo importantíssimo que lhe garantiria a maior parte dos bens do pai e o comando da família - a seu irmão Jacó por um simples prato de sopa de lentilhas feito pelo irmão gêmeo caseiro, queridinho da mamãe e esperto. Isso gera uma treta de proporções monumentais, que envolvem Jacó enganando seu pai e tendo que fugir pra casa do tio pra não ser morto pelo irmão (Gênesis 25, 27 e 28). Depois disso ele arruma encrencas com o tio pra conseguir casar com sua prima Raquel e tudo culmina com ele tendo que voltar pra própria terra e encarar o irmão de novo (Gênesis 29-33). Só isso já renderia pelo menos duas temporadas completas e extensas.
Aí entram outros irmãos na parada: os filhos de Jacó. Eles se envolvem em diversas tretas (várias delas por culpa dos próprios pais, incluindo a preferência se Jacó pelos filhos de Raquel e a rivalidade de Raquel com sua irmã Lia, a outra esposa de Jacó). Uma dessas tretas merece destaque por ser digna de Game of Thrones, envolve uma das filhas mulheres, Diná. Quando eles se acampam em Siquém, Diná vai passear pra conhecer as outras meninas do vale e acaba sendo estuprada por Siquém, filho do líder local. O sem vergonha se apaixona por ela e, para fazer tudo certo, resolve pedi-la em casamento a Jacó. Os irmãos dela unem a armadilha dos Frey à vingança de Arya Stark numa coisa só e prometem dar Diná de esposa para Siquém desde que ele e todos os siquemitas sejam circuncidados. A circuncisão era o sinal da aliança entre Deus e a família de Abraão. Tirava-se a pele do prepúcio do homem quando ele era recém-nascido. Mas quando se fazia isso depois de velho, o cara ficava uns dias prostrado até se recuperar. Siquém, muito apaixonado, aceita, e todos os siquemitas se circuncidam. Com todos os homens de Siquém prostrados por causa do ritual, dois dos filhos de Jacó invadem a cidade e, como vingança, MATAM TODO MUNDO, causando uma treta cabulosa com o pai e entre o pai e o povo daquela terra (Gênesis 34).
Depois disso a treta só aumenta. José é vendido pelos irmãos aos descendentes do seu tio-avô Ismael e vai parar no Egito, passando por poucas e boas e sendo uma mistura de Jon Snow, no caráter, e Sansa Stark, no sofrimento. E enquanto ele sofre em terra estranha, acontecem várias tretas lá em Israel, incluindo seu pai de luto por ele, sem saber que está vivo, e uma treta com Judá e sua nora Tamar que mereceria destaque numa temporada e renderia um baita plot twist (SÉRIO, Tamar é genial, apenas leia Gênesis 38). Nessa guerra dos tronos, no fim de tudo, José acaba se dando bem e virando a "Mão" do Faraó e reencontrando toda a família no final de tudo, mostrando como Deus está no controle sempre, mesmo quando permite que as escolhas ruins dos outros nos afete, e sempre cumprindo suas promessas feitas aos nossos pais e a nós. Blood Brothers seria uma excelente série com umas 5 ou 6 temporadas, tranquilamente.

3) Sons of the Sand - As intrigas da jornada do povo de Israel no deserto (Gênesis 25-50)


Acho que ninguém mais precisa ver a história da primeira parte do Êxodo. Os descendentes de José no Egito acabam se tornando realmente uma grande nação, os egípcios com medo de terem sua terra tomada por estrangeiros, começam a oprimir Israel e a partir daí começa uma das histórias bíblicas que mais foi adaptada para o cinema. Desde o clássico de Cecil De Mille com Charlton Heston no papel de Moisés, até o sucesso que foi a novela da Record, ambos chamados "Os Dez Mandamentos", passando por inumeros remakes, adaptações, longas animados como "O Príncipe do Egito" e até filme do Ridley Scott, a libertação do povo do Egito é uma das histórias mais conhecidas de todas. Mas ainda tem muita treta que acontece depois que Deus dá os dez mandamentos para o povo no deserto. Tanta treta que a geração mais velha e reclamona que sai do Egito é condenada a passar o resto de suas vidas perambulando no deserto até que uma nova geração, que saiba aproveitar a liberdade que lhes foi dada, possa tomar a terra prometida. Uma história sobre como Deus liberta o povo para que eles sejam governados de forma justa sob a justiça dAquele que sabe todas as coisas. Essas intrigas renderiam uma boa série com poucas temporadas - no máximo três - de poucos episódios. Isso inclui tretas familiares, políticas e religiosas que nunca são mostradas nas adaptações famosas e vão desde Êxodo 19 até o final do livro de Deuteronômio.

4) The Promise Wars - Josué e as guerras de conquista da Terra Prometida (Livro de Josué)


Quando o povo de Israel finalmente chega à Terra Prometida, não vai ser tão fácil assim tomá-la. Como Deus dá a entender para Abraão em Gênesis 15, Ele pretende usar o povo de Israel como instrumento de juízo sobre as nações cananitas, que tiveram 400 anos pra se consertarem, enquanto Israel sofria no Egito, mas só pioraram, chegando a adorar deuses que exigiam sacrifícios infantis e orgias cultuais. Então era invadir e conquistar mesmo.
Mas Israel era menor, menos preparada para guerras e nem sempre estava disposta a cumprir a vontade de Deus. Isso causa diversas complicações no percurso, onde fica claro que se eles estiverem voltados a Deus e cumprirem o que ele pede, tudo vai correr bem. Se, por outro lado, eles descumprirem as ordens, Deus não vai poder mostrar grandeza através da pequenez deles. Desde episódios de espionagem até intrigas entre Josué e o povo, o livro de Josué e as primeiras conquistas de Israel em Canaã, renderiam uma excelente série de poucas temporadas. Além disso, a história é importantíssima, pois, juntamente com Moisés, Josué é o que a teologia chama de "paradigma do profeta": ele é o que todo profeta deve ser.



5) No King's Land - O período mais bizarro da história de Israel (Juízes, Rute e I Samuel 1-3).


O livro de Juízes é uma coleção de histórias. Uma coleção de histórias muito diferentes entre si, algumas famosas, como a de Sansão, outras nem tanto. Algumas de conquistas vitoriosas e impressionantes como os 300 de Gideão contra um exército inteiro, outras de bizarrices sem tamanho como a treta dos Benjamitas com o Levita e sua esposa envolvendo estupro, necrofilia e assassinato. Uma mente mais atenta vai perceber que diversas vezes, no livro de Juízes, uma frase é repetida: "Naquele tempo não havia rei em Israel e todo mundo fazia o que queria". É um livro de altos e baixos, onde os baixos acontecem quando o povo está longe de Deus e os pontos altos é quando o povo se lembra que tem um Deus, pede socorro e ele manda profetas que vão ajudar em missões específicas. 
A melhor maneira de abordar essas histórias seria numa séria antológica, com temporadas de no máximo três bons episódios, cada temporada focando numa das histórias de Juízes. Talvez algumas, como a de Sansão, exigissem um pouco mais, mas no geral seria essa a estrutura. Guerras épicas, tretas entre profetas e casas/tribos de Israel, mulheres poderosas, muito sangue, morte, vingança e coisas bizarras - embora nem só de sangue viva o tempo dos Juízes, e a bela história de Rute está aí pra provar. Uma baita concorrência pra Game of Thrones sem que haja um trono de ferro para se sentar e com um povo muitas vezes desorientado fazendo coisas que Deus não pediu em nome dEle, como muitos fazem hoje.

6) Crimson: The Harp Below the Throne - Samuel, Davi e Saul: tretas dos anos iniciais de Israel como reino (1 Samuel).


Embora já tenha ganhado também diversas adaptações, a história de Davi e Saul nunca foi propriamente adaptada e é uma das mais promissoras da Bíblia. Uma das melhores adaptações que eu vi foi uma modernização da história chamada "Kings", da NBC, que durou apenas uma temporada mas era muito boa e tinha Ian McShane no papel de Saul. Talvez por ser uma das histórias com mais detalhes e com a linha do tempo mais fechadinha, a história de Davi seja uma das mais fáceis de se adaptar e fazer uma boa concorrência.
Imagine que Tywin Lannister é o rei de Westeros, inicialmente adorado por todos, mas com o tempo começa a se mostrar meio filho da mãe, imagine que Jaime, seu filho, é sua Mão, e, de alguma forma, Jon Snow, por derrotar um gigante zumbi que ameaçava a nação, é aclamado como herói. Inicialmente Tywin o acolhe como comandante da Guarda Real, mas descobre que ele é uma ameaça logo depois de dar a mão da Cersei para se casar com ele e Jaime se tornou o seu melhor amigo. Isso tudo sem ele saber que o Senhor da Luz ou os Sete escolheram e ungiram o bastardo Jon como rei antes que Tywin morresse, pois este já não servia mais. E a guerra dos tronos na verdade começa ser construída a partir dessa rivalidade complexa, cheia de momentos de guerra declarada, mas também com alguns momentos de redenção e perdão. É mais ou menos isso que acontece com Davi (que seria o Jon Snow, com sua origem humilde, sendo filho mais novo e pastor de ovelhas) e Saul (que seria o Tywin). É MUITA treta envolvida e treta que rende uma excelente série cheia de intrigas políticas, relacionamentos complexos e muita coisa interessante, que culmina com Saul descumprindo a ordem de Deus e consultando uma necromante em En-Dor pra trazer o profeta Samuel de volta (que o rei tanto ignorou em vida) e recebendo a profecia de que morreria em batalha. Aliás, a história está cheia de personagens queridos que morrem também, das maneiras mais revoltantes. Imagino dividir em duas séries a história de Davi. Crimson: The Harp Below the Throne abordaria desde a coroação de Saul até a coroação de Davi. Isso renderia umas quatro ou cinco temporadas tranquilamente.

7) Crimson: House of David - O reinado de Davi e as intrigas familiares entre os seus herdeiros (II Samuel, I Reis e I e II Crônicas).


Mais treta ainda é o reinado do próprio Davi, que começa a trazer prosperidade real pra Israel, mas também é cheio de conturbações. A começar pelos pecados do próprio Davi, do qual se destaca a treta toda com Bate-Seba e Urias, que faz dele um filho da mãe completo, numa trama digna de Game of Thrones que inclui forçar uma mulher a fazer sexo com o rei, tramar a morte do marido dela e ainda tomá-la como esposa depois de tudo e ter com ela um filho que será seu herdeiro legítimo (uma história que inclui a redenção do próprio Davi, que, sendo perdoado de seus crimes hediondos por Deus - embora não sem sofrer as consequências - se arrepende e é chamado de "homem segundo o coração de Deus"). Mas até que Salomão se assente no trono, muita treta acontece entre os seus irmãos e seu pai pra que algum deles reine sobre Israel. Rola assassinato, golpe de estado, mortes bizarras, estupro e incesto. Do jeitinho que quem é fã de Game of Thrones está acostumado. Mas, mais uma vez, a moral da história é que não adianta jogar na guerra dos Tronos por que é a vontade de Deus que será feita no final. Depois de muita treta, com Salomão, Israel finalmente se torna o que deveria ser - uma nação próspera e pacífica que demonstraria para as outras nações a sabedoria de Deus em governar seu povo, e aí terminaria essa segunda empreitada de Crimson, que poderia render mais temporadas ainda do que a primeira parte, compreendendo todo o livro de II Samuel até I Reis 10.

8) The Broken Thrones - A queda do reino de Salomão e os principais reis seguintes de Israel até a morte de Eliseu (I Reis 11 - II Reis 13).


A queda de Israel como uma potência aconteceu ainda no mesmo reinado do Rei que trouxe sua melhor época. O afastamento do povo das leis divinas e a entrada da idolatria em Israel provoca o início da sua queda. Salomão permite que todas essas coisas aconteçam ainda em seu reinado. Depois disso houve uma profecia de que Deus daria o trono a um herdeiro ilegítimo, envolvendo Roboão e Jeroboão, Israel é dividida em dois reinos, rola as tretas todas de Acabe e Jezabel (se você acha a Cersei, principalmente pós-sexta temporada, uma filha da mãe, você não conhece Jezabel), Elias e Eliseu como profetas sofrem um bocado nas mãos de reis maus, ainda tem toda a treta do menino Joás, herdeiro legítimo do trono e a usurpadora Atalia. Altos e baixos no reino de Israel que levariam a nação às ruínas. A morte de Acabe em batalha, predita em profecia, renderia uma excelente cena, e Ramsey Bolton não foi o primeiro personagem odiado a ser jogado para os cães... Jezabel veio antes dele depois de praticar muita maldade. Isso sem falar na guerra que Josafá ganha com um coral, ao invés de um exército. As tretas reais de Israel que estão relatadas nos livros de Reis são pouco conhecidas, mas renderiam excelentes histórias, cenas de guerra e tudo o mais. É um dos períodos que eu mais gostaria de ver adaptados por que as histórias são realmente excelentes, mas provavelmente não veremos nenhuma adaptação delas, pois ninguém se interessa. Seria uma série longa, com diversas temporadas, que poderiam ser divididas pelos saltos de tempo entre um reinado e outro.


9) Fallen Kingdom - A queda de Israel, seus últimos reis e os profetas do exílio (II Reis, II Crônicas, Ezequiel, Jeremias, Daniel, Esdras, Neemias).


A queda definitiva de Judá, o exílio Babilônico, as profecias de Jeremias, Daniel e seus amigos na Babilônia, a queda de Nabucodonosor, Belsazar e o Império Babilônico até o inicio da reconstrução de Jerusalém. Além de conter histórias, aventuras e tretas interessantíssimas, é uma ótima maneira de organizar alguns personagens e histórias que o pessoal não sabe que são contemporâneas ou não consegue encaixar na cronologia bíblica. Isso inclui profecias muito loucas, e Deus agindo através do seu povo mesmo no exílio, profetizando uma Nova Aliança com seu povo que se estenderia além do sangue de Abraão, Isaque e Jacó para todo aquele que aceitasse o sangue de Cristo. Cinco temporadas bastariam para uma boa história. 

10) Queen of Strangers - A história de Ester


Ester tem um livro só pra ela e também já teve sua história contada no cinema e na TV e faz parte do povo hebreu que, após o retorno do exílio, permaneceu no reino medo-persa. Lá ela fez parte de uma tramóia cheia de intrigas políticas e conspirações ao se tornar rainha através de um concurso. Sempre gostei de encarar Ester como um suspense político. Qual não foi minha surpresa ao estudar e descobrir que Ester tem a estrutura de uma espécie de comédia de erros mesopotâmica. Imagine se todos os planos da Cersei ou do Lord Baelish se virassem literal e imediatamente contra si? Quase igual os planos do Coyote pra capturar o Papa Léguas. Tragicômico, como o final da história de Ester, que coloca seus personagens mais poderosos de mãos atadas diante da ação de algo maior. Deus nunca é citado no livro de Ester, mas o livro deixa claro que Ele é quem está por trás do livramento do seu povo. Por isso considero que seria uma excelente adaptação, com a mesma seriedade, profissionalismo e efeitos visuais, mas levando um pouco dessa comédia de erros que renderia uma excelente minissérie bem produzida.

Eu resolvi fazer esse post por dois motivos: 1) muita gente acha que a Bíblia é um livro desinteressante, com poucas boas histórias, chato de ler e estranho; 2) muita gente acha a Bíblia bizarra por conter essas histórias cheias de sangue, sexo, violência, assassinato, mentiras e tretas políticas. Eu tenho duas coisas a dizer: 1) A Bíblia contém literatura de qualidade. Por muito tempo, o antissemitismo velado na teologia e no estudo da literatura, impediu que muita gente fosse buscar estudar a literatura hebraica, suas regras e como entende-las. Um pouco de estudo sobre a narrativa bíblia (não é difícil achar material), mostrará que muitas vezes só achamos a narrativa chata por que não entendemos recursos narrativos do Antigo Oriente Médio, tão distante de nós cultural, literária e cronologicamente. A partir do momento que você entende um pouco da literatura da época e da cultura, você vai perceber que as histórias se tornam muito mais interessantes; 2) Assim como ninguém acredita que George R. R. Martin é a favor de pedofilia, necrofilia, assassinatos e traições hediondas por que colocou isso no livro dele, deveria ser natural pensar que as histórias bíblicas contarem coisas do mesmo tipo, não dão licença pra fazermos o mesmo. O erro de muitos é justamente encarar a Bíblica como um manual de instruções e não como um livro de literatura. A Bíblia é literatura, composta por narrativas que PRECISAMOS entender dentro de sua estrutura, social, histórica e textual, para que captemos a mensagem que os autores querem passar. Se estudarmos em comparação à literatura da época, por exemplo, é perceptível através de semelhanças e diferenças essenciais os caminhos diferentes entre a forma que Deus trata seu povo e que seu povo deveria tratar pobres, estrangeiros e uns aos outros e as leis e códigos rígidos de outros reinos da época. A Bíblia nos parece fundamentalista hoje, mas era super progressista na sua época. Assim vamos entender por que todas essas coisas estão lá. Sempre mostrando a verdadeira face podre da natureza humana, sem maquiar as fraquezas e defeitos dos seus heróis, que sempre precisam do Senhor, mostrando que quem está no controle de tudo é Deus, mesmo quando coisas ruins acontecem. Afinal, segundo a própria Bíblia, o desfecho dessa guerra de tronos está decidido e já sabemos exatamente que vai sentar no Trono no final da história, quando o final feliz se concretizar para quem acreditar e escolher o bem (e olha, apesar de finais felizes serem cliché, você pode ter várias surpresas com este). 

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